Mercado imobiliário 2022
Crédito imobiliário: o que esperar
O crédito imobiliário tem sido a grande estrela do setor. Os empréstimos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) acumularam 206,86 bilhões de reais entre dezembro de 2020 e novembro deste ano, um aumento de 79,6% em 12 meses, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os financiamentos batem recordes consecutivos. Mas o que esperar para 2022?
Para Cristiane Portella, presidente da Abecip, os financiamentos devem seguir em montante elevado em 2022, mas abaixo do registrado em 2020 e 2021. “Podemos ter uma queda entre 5% e 10% do volume financiado, mas as taxas de juros ainda estão abaixo de dois dígitos e seguem atrativas. Ainda melhor do que no período pré-pandemia.”
A expectativa consensual do mercado é que a Selic continue a subir até março de 2022, chegando a um patamar entre 11,50% e 12% ao ano. Para quem financiar um imóvel no início do ano, a taxa acaba sendo travada por um período de cerca de 30 anos, prazo máximo do financiamento. Mas isso não significa necessariamente um empecilho.
Portella destaca que, caso a taxa volte a cair no segundo semestre do ano ou mesmo em 2023, o consumidor consegue fazer a portabilidade de financiamento para um banco que ofereça uma taxa de juros mais atrativa. “Nesses casos, ele consegue negociar com o próprio banco. Ninguém quer perder cliente. A outra opção é a portabilidade.”
Preços e lançamentos: o que esperar
O estoque de imóveis no país está controlado, o que significa que o consumidor não deve esperar uma queda nos preços ao longo do próximo ano, pois não há unidades sobrando. Vale lembrar que, quando há excesso de imóveis, os preços caem. Além disso, as incorporadoras irão antecipar os lançamentos dos imóveis para o primeiro semestre de 2022 por causa das eleições presidenciais em outubro e do cenário incerto que causa instabilidade econômica.
“O carro-chefe do mercado imobiliário são as incorporadoras. Se elas mantêm os lançamentos, os preços se sustentam. 2022 começa com uma taxa de juros elevada com perspectiva de subir mais. Quem tem condições de comprar já perdeu o bonde. Quem está com plano de comprar terá que caçar mais, mas, mesmo assim, teremos incorporadoras fazendo bons lançamentos sem repassar [as pressões de custo da construção e da demanda] para o preço.